segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Auto-regressão

Há pouco tempo me disseram que eu “gosto” dos produtos de limpeza. Isso me incomodou. Meio que me entristeceu mas não me magoou. Porque para me magoar eu tenho que permitir. Não é o outro que me magoa, sou eu que me magôo. É em mim que a magoa fica então sou eu quem tem de lidar com ela. Minha teoria é que se  reconhecemos uma falha nossa, o potencial de “criar” uma mágoa aumenta. Sócrates aconselhava: “Conhece-te a ti mesmo.” Isso é simples, ou ilógico apenas para os tolos. Então, buscando me conhecer pensei: Eu não gosto dos produtos de limpeza, pelo contrário, eu gosto dos perfumes, das lojas de roupas, dos cursos de idiomas, de viajar, de ser independente (ou talvez o certo é dizer inconseqüente), das lojas de bijuterias, mais se estou presa aos produtos de limpeza não é porque gosto deles, mais porque preciso deles. Logo, outra teoria minha é que em vidas passadas, minha grande falha era a futilidade extremamente mimada, uma madame que tinha a vida completamente dedicada a si, a sua aparência, aos seus desejos imediatos, aos seus instintos, não importando qualquer que seja o meio para chegar a este fim. Trágico?! Improvável?! Exagerado?! Não acho. Acho que ficar imaginando que fui anjo e vim nesta vida em missão que é exagerado e absolutamente improvável. Logo, se não passo por grandes dificuldades, também não tenho todos os desejos atendidos. Mais quem é que veio nessa vida para ter todos os desejos atendidos? A transformação de uma coisa para outra coisa se dá com dor e paciência, mas fica mais fácil se os outros também entenderem a metamorfose necessária a que nos submetemos quando queremos, decidimos deixar para trás os velhos vícios. Tem um ditado que diz: “feliz daquele que ama o que faz, porque só assim nunca precisara trabalhar.” Então, caso você ame o seu trabalho, parabéns! Você recebeu um prêmio, porém apesar disso também tem suas provas e metamorfoses a fazer, mais esta não é uma delas. Logo, procure entender que o trabalho que ainda não amamos, mais que precisamos, nos causa insegurança, cansaço, tédio, ou outros adjetivos. Nunca porém alegria. Essa virá quando aquilo não representar mais uma falha sua, quando você for capaz de amar aquele trabalho. Quando ao executá-lo não sinta a sensação de que está renunciando sua vida (quando na verdade estamos renunciando nossas falhas). Ter consciência de estar no caminho certo, não nos exime da dor da transformação. E quem sabe, um dia vou gostar dos produtos de limpeza... poderei até fazer coisas do tipo: - Ah, não tô fazendo nada mesmo, tem até uma graninha sobrando, vou ali no mercado ver o que chegou de novidade na seção de limpeza!”
Ce la Vie!!!!!!!!!!!!!!!!!

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