segunda-feira, 24 de junho de 2019


No Divã da Saudade

Tivemos 03 anos de convívio, 30 anos de separação e 3 horas para tentar recuperar lembranças, intimidade, atualizar papos e nos reconhecermos. Mas será possível?
Com certeza não! Vamos precisar de mais tempo, mais encontros.  Fato é que um encontro como o que tivemos neste sábado é gatilho para despertar emoções e memórias há muito esquecidas nas dobras da vida que seguiu solene seu curso. Ao reencontrar vocês, fui forçada a reencontrar uma Francy que já não é a mesma. E tudo bem, não deveria mesmo ser. A vida é e será sempre assim. Precisamos mudar, precisamos crescer, no entanto as vezes no processo de crescimento esquecemos e podemos perder coisas boas do nosso Eu do passado. Um Q de sonhadora, de coragem, de desbravadora. Revê-los me fez sentir-me novamente jovem, confiante no futuro. Fui tragada de um cotidiano a la Chico Buarque  onde “Todo dia ela faz tudo sempre igual / Me sacode às seis horas da manhã” e mergulhei fundo  numa reflexão nostálgica, porém muito gostosa. Revirei baús, encontrei cartas, cartões, bilhetes e memórias de tantas pessoas e tantos momentos diferentes. Uma viagem deliciosa redescobrindo uma pessoa que já nem conhecia mais. Mas que existiu e que não precisa desaparecer, perder-se numa crise de meia idade (a chegada aos 38 anos não é fácil!) apática, caminhando a “passos de formiga e sem vontade”. Até porque a resposta está na própria nomenclatura da crise MEIA IDADE. Estamos só na metade do caminho. De vez em quando podemos achar que ele está no fim, porque precisamos de óculos para ver as fotos e ler a conta, porque os cachinhos castanhos já não são os mesmos, mas isso não é verdade. Ainda há muita estrada para percorrermos se nos enchermos da essência do EU de antes e somarmos a ela todas as conquistas, conhecimento e bom senso que a metade do caminho percorrido nos deu. Avante! Caminhe! Sorria! Ouse! Conviva! Compartilhe! Brinque! Estude! Aprenda! Ame! Viva com aquela alegria, disposição e coragem adolescentes. Se fizermos assim, daqui a 30 anos marcaremos outros encontros para apenas confirmar que estamos apenas na metade do caminho. E não quero abrir mão de vocês na metade que falta caminhar. Preciso de vocês para me conectar a Francy que estava ficando perdida no baú de cartas, bilhetes e cartões.